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A culinária dos Orisás

A culinaria dos Orisas

Existem certas peculiaridades no Asé que às vezes as pessoas não compreendem muito bem.
Uma delas explica-se pelo fato da culinária, dentro da casa de Asé, ser de grande importância porque as comidas oferecidas aos Orixás são sagradas e imprescindíveis, tornando a cozinha um lugar de grande movimento. Por isso vamos explicar de uma maneira simples o significado da comida para o “povo de santo”. As informações são baseadas em experiências vivenciadas dentro do asé, desde que fui iniciado no culto aos Orisás.

Conta-se que no começo era tudo água, e depois da criação do mundo, os deuses que habitaram a terra antes mesmo dos homens, e durante algum tempo juntamente com eles, alimentavam-se de acordo com suas preferências. Como tudo o mundo foi dividido entre eles, a alimentação também o foi, surgindo assim as iguarias prediletas de cada Orisá.

Um dos significados que podemos atribuir à palavra Asé é o da transmissão de força e recriação, evidenciada na lei de que tudo que dispomos na natureza, até mesmo a vida, devemos a ela devolver. Por isso, quando queremos levar nossos pedidos aos Orisás, o fazemos através de uma oferenda em forma de comida. Sabemos que estes pedidos vão ser ouvidos de acordo com a forma como são transmitidos. As oferendas quando devolvidas a terra ou à água transformam-se no húmus fertilizante que auxiliará na geração de novas vidas. Quando os pássaros, por exemplo, carregam esta alimentação para outros lugares, estão realocando as sementes que germinarão em outras areas. Nesse momento está se concretizando uma das formas mais bonitas de transferência de Asé.

Lembro aos nossos irmãos que procurem sempre colocar essas oferendas de matéria orgânica em vasilhas biodegradáveis, ou fora delas, direto no local. Sugiro a utilização de recipientes de vime forrados com folhas, balaios e sacos de pano, pois tudo isso se desfaz na natureza. Para continuarmos cultuando os Orisás, precisamos conservar o local onde os mesmos são encontrados. Pois, onde não há água limpa, árvores, terra boa, não há culto aos Orisás.

Posso afirmar, que no Culto ao Orisá a alimentação é uma das coisas mais importantes para o desenvolvimento das práticas religiosas. Inclusive, é importante destacar que comer desses alimentos também constitui uma forma de receber o Asé. Durante o oferecimento das comidas são realizadas saudações e entoados cânticos, invocando a força dos Orisás e pedindo que eles aceitem o que lhes é entregue de bom grado. Essa oferenda, então, passa a estar impregnada de toda força invocada. Por isso devemos comê-la com concentração e em silêncio, pois estamos partilhando de um momento sagrado com os Orisás.

Haveria muitas outras formas de falar da importância da comida nas casas de Asé, porém a intenção é fornecer algumas dicas dessa culinária maravilhosa, que é o banquete dos Orisás, do qual nós seres humanos, às vezes temos a honra de compartilhar com eles, pois são deuses próximos de nós, que falam, andam, dançam entre as pessoas. Talvez seja esse um dos motivos pelos quais nos apaixonamos por este culto tão grande em sabedoria e amor.

Toda oferenda que é dada a cabeça ou aos Orisás vem acompanhado de cânticos e recitações (Iton), pois essas são as palavras que precisamos para o encantamento do que estivermos oferecendo seja ele animal vegetal ou mineral.

Deixo aqui a observação que orixá não precisa de comida, pois ele é a própria força da natureza, digo isso para acabarmos de vez com a mistificação do dizer que se não dermos isso ou aquilo para um Orisá ele nos deixará doente ou tirara o nosso emprego, fechará nosso caminho ou mesmo em alguns casos vão mais além dizendo que ele nos matará. Particularmente digo que o orixá não precisa da gente somos nós que precisamos deles e que as oferendas apenas servem para abrir um portal entre ORUN (espaço espiritual onde estão os Orisás) para o Ayê (mundo em que vivemos). Segundo pesquisas esse portal estaria sendo guardado por ONIBODE OU EXÚ ÒDARÁ.

Marcelo Alban

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Sobre Mim

Marcelo Alban começou a desenvolver a sua espiritualidade desde a infância. Nasceu em um berço espiritualista onde foi caminhando nos estudos e se aprofundado na história das religiões e da alta magia. 

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